quinta-feira, 5 de junho de 2008

ONDE ESTÁ A VERDADE SOBRE O UNIVERSO?


• Introdução
1. João 8:32
2. Hoje fala-se muito de libertação. Muitos têm oferecido libertação. A Bíblia fala que a libertação vem pelo conhecimento da verdade. Mas o que é a verdade? Onde ela está? É possível conhecê-la?
3. Muitos têm dito que a verdade não pode ser conhecida, que cada um tem uma parcela da verdade, ou ainda que o que é verdade para mim pode não ser verdade pra você. Nesse estudo veremos o que é a verdade e se ela pode ser conhecida.
4. Quando fazemos uma pergunta sobre algo é porque estamos em busca da verdade sobre esse assunto. Na realidade todo ser humano procura responder, para si mesmo, as perguntas mais importantes da vida e isso diz respeito à existência de Deus. É por isso que esse é o assunto mais debatido nos escritos da antiguidade e nos livros atuais. Na verdade, as cinco perguntas mais importantes da vida são:
1. Origem: De onde viemos?
2. Identidade: Quem somos?
3. Propósito: Por que estamos aqui?
4. Moralidade: Como devemos agir?
5. Destino: Para onde vamos?
Será que podemos ter a verdade sobre esses assuntos? As respostas a essas perguntas dependem da existência de Deus.

• Argumentação
I. Deus e a verdade sobre a verdade
1. A verdade é dizer aquilo que é.
(1) Para sabermos qualquer coisa primeiramente temos que saber o que é a verdade e se ela é relativa ou absoluta. Muitos têm ensinado que a verdade é relativa e que não existe absolutismo. Que quem é absolutista é de mente fechada e pretende excluir tudo aquilo que ele julga ser contrario a sua pretença verdade. O que eles não percebem é que as suas afirmações também pretendem ser absolutamente verdadeiras e que eles também excluem os que pensão de maneira diferente. A própria afirmação de que a verdade é relativa pretende ser uma verdade absoluta. Isso prova que essa é uma afirmação falsa em si mesma.
(2) Todos queremos ouvir a verdade. Exigimos verdades praticamente em todas as áreas de nossa vida. Exigimos, por exemplo, verdade de: entes queridos (ninguém quer ouvir uma mentira de um cônjuge ou de um filho); médicos (queremos a receita do remédio correto e que seja feito o procedimento adequado); tribunais (queremos que condenem somente os verdadeiramente culpados); companhias aéreas (exigimos aviões verdadeiramente seguros e pilotos realmente sóbrios). Não desistimos de querer saber a verdade sobre esses assuntos. Também não podemos desistir de quer saber a verdade sobre a existência de Deus.
2. A verdade é descoberta e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela (a lei da gravidade existia antes de Newton).
3. A verdade é transcultural. Se uma coisa é verdadeira então ela é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas (2 + 2 = 4 para todo o mundo, em todo lugar, o tempo todo). Se Deus existe ele deve ser o mesmo Deus para todo o mundo.
4. A Verdade é imutável, embora nossa crença sobre a verdade possa mudar (quando começamos acreditar que a Terra era redonda, em vez de plana, a verdade sobre a Terra não mudou; o que mudou foi nossa crença sobre a forma da Terra). Devemos lembrar que as crenças não alteram a realidade, não importa com que sinceridade elas sejam expostas (se uma pessoa acredita sinceramente que a terra é plana isso só fará com que ela esteja sinceramente errada). Se Deus existe o fato de alguém acreditar de forma contraria não mudará o fato de sua existência.
5. A verdade não é afetada pela atitude de quem a professa (muitos dizem que não acreditam em Cristo por causa da atitude de alguns cristãos; isso seria o mesmo que dizer que não acredito na lei da gravidade porque o tataraneto de Newton me bateu).
6. A verdade é sempre absoluta.
(1) Até mesmo as verdades que parecem ser relativas são realmente absolutas (a afirmação “Eu Carlos Pscheidt, senti frio no dia 16 de julho de 2007” parece ser uma verdade relativa, mas é realmente absoluta para todo o mundo, em todos os lugares, entende-se que Carlos Pscheidt teve a sensação de frio naquele dia).
(2) Em resumo, é possível haver crenças contrarias, mas verdades contrarias é uma coisa impossível de existir. Isso quer dizer que se uma das crenças for verdadeira necessariamente as outras serão falsas. Podemos acreditar que uma coisa é verdade, mas não podemos fazer tudo ser verdade.
II. Deus e a origem do universo
1. O universo teve um começo?
(1) Por muito tempo (e às vezes ainda hoje) era dito que a ciência e a religião viviam como inimigas. Isso não pode ser verdade, pois tanto a ciência quanto a religião buscam um mesmo fim que é saber a verdade ultima das coisas. Portanto uma auxilia a outra nessa descoberta. Aubert Einstein disse que: “A ciência sem a religião é manca; e a religião sem a ciência é cega”. Ou seja, a religião e o conhecimento cientifico são interdependentes. O que pode acontecer é uma ou outra estar errada em suas conclusões, mas a verdade a ser descoberta continua sendo a mesma. O que temos que fazer quando elas não entram em acordo é ver qual delas esta certa e qual esta errada e colocarmos ali a nossa fé.
(2) Um exemplo disso era que a maior parte dos cientistas de antes de 1922 (incluindo Einstein) criam que o universo era estático e eterno, que sempre existiu. Mesmo sua teoria da relatividade estando a apontar em direção contraria desde 1916, Einstein preferiu continuar acreditando que o universo era eterno. Somente em 1929 quando estava no observatório do monte Wilson é que viu, baseado na observação, que o Universo estava em expansão e, portanto teve um começo. Ele e a maior parte dos cientistas de sua época estiveram errados por toda a vida. Mais tarde, ele descreveu esse como sendo “o maior erro de minha vida”. Einstein disse que agora queria “saber como Deus havia criado o mundo”.
(3) A Bíblia já dizia, a mais de 3.500 anos, que o Universo teve um começo. A despeito de que os religiosos e os cientistas podem estar errados a Bíblia tem se provado verdadeira, sob todas as provas. Todas as vezes que algum religioso ou cientista se opôs a Bíblia mais tarde provou-se estar ele errado. A bíblia fez varias antecipações científicas como:
a. A quantidade das estrelas. No tempo em que o texto de Gen. 15:5 foi escrito estimava-se que existiam 5119 estrelas no céu. Após o invento de Galileu Galilei chamado telescópio, sabemos que temos milhões delas só na Via Láctea. Que os pontos que vemos no céu não são apenas estrelas, mas sim galáxias inteiras com milhares de estrelas. Se hoje formos ao monte Palomar nos USA (onde fica o maior telescópio do mundo) e perguntarmos quantas estrelas existem no céu nos confirmarão aquilo que a Bíblia afirmou a 3.500 anos atrás “são incontáveis”. Essas estrelas só são incontáveis para os homens, pois Deus conhece cada uma e as chama pelo nome. Salmo 147:4.
b. Terra redonda. Isaias 40:22. Texto escrito 2.500 anos antes de Colombo,Copérnico e Galileu.
c. Preção atmosférica. Jó 28:25. O barômetro só foi inventado em 1.643
d. O principio de quarentena Levítico 13:46. Sanitarismo.
e. Circuncisão ao oitavo dia. Gen. 17:11,22. Do segundo ao quinto dia a criança esta mais suscetível a hemorragia. No oitavo dia a protrombina se eleva 110%.
f. Regras dietéticas e os males do colesterol e do açucar em excesso. Levíticos 11;7:22-24; Prov. 25:27.
(4) Por que Einstein queria agora descobrir como Deus fez o Universo? Como chegou ele a conclusão de que Deus o criara? Certamente foi devido a Lei da Causalidade. Essa lei diz que todo que teve um começo deve ter uma causa. Quem então deu início ao universo? Quem foi sua causa? Teria de ser alguém que estava fora do Universo. Somente alguém que sempre existiu poderia dar início ao Universo. A Bíblia chama esse ser de Deus.
2. O Universo terá um fim?
(1) Assim como a lei da causalidade mostra-nos que o Universo teve um começo, a segunda lei da termodinâmica também nos indica o mesmo. Essa lei pode ser representada por um carro que tem uma quantidade finita de combustível, se o combustível é finito ele não pode estar andando desde um tempo infinito passado, senão o combustível já haveria acabado e o carro estaria parado. Da mesma forma o Universo esta em movimento, consumindo sua energia utilizável. Isso mostra que em algum momento em um passado finito ele teve um início, caso contrario sua energia já teria acabado. Isso poderia indicar que um dia ele terá fim?
(2) Sim, se Deus não existisse certamente assim como o Universo não poderia existir ele teria um fim caótico. Podemos exemplificar com um relógio no qual certa vez foi dada corda, se ninguém der corda novamente ele certamente parará. A Bíblia afirma que Deus não é apenas o criador do Universo, mas também o mantenedor. Ele é quem da corda no Universo para que ele continue em funcionamento. Isso mostra que Deus não nos criou e deixou-nos a mercê do acaso. Não. Ele nos criou e nos mantém provendo-nos o necessário.
• Conclusão
A verdade é algo que devemos buscar conhecer através dos meios que Deus nos concedeu. Os meios científicos nos ajudam muito nesse processo. A ciência nos ajuda a perceber a necessidade da existência de um criador e mantenedor para o Universo. Por mais que seres humanos possam ser falhos quanto ao descobrimento da verdade, a Bíblia se mostra um relato fidedigno da realidade. Mesmo que começou a ser escrita a mais de 3.500 anos faz varias antecipações cientificas, mostrando-se mesmo ser a fonte da verdade absoluta.
A Bíblia é a melhor maneira de explicarmos de onde viemos. Essa que é uma das principais perguntas que o ser humano pode fazer. Veremos nos estudos a seguir que a resposta para as demais perguntas também estão na Bíblia e é ela quem da à melhor resposta para toda inquietação Humana.
Devemos, portanto crer unicamente na Bíblia como contendo a verdade absoluta. Ela é a carta de um Deus poderoso que criou o Universo e que quer que saibamos que foi ele quem o fez.
Quer você hoje decidir estudar esse livro que contem as respostas?
Que Deus o abençoe.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A BIOÉTICA DA UTILIZAÇÃO DO DIU COMO MÉTODO CONTRACEPTIVO



Planejamento familiar (Introdução)

O planejamento familiar é uma importante área da saúde, tendo como objetivo principal proporcionar informação aos casais para que possam decidir de forma livre e consciente sobre o número de filhos e a oportunidade em que devem concebê-los.
A Organização das Nações Unidas (ONU), em 1968 declarou e reconheceu o planejamento familiar como um direito básico do ser humano. Definiu também que cabe ao Estado o garantir deste direito através de recursos educacionais e científicos. Esse direito é reconhecido em vários países, inclusive no Brasil.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, neste programa incluem-se mulheres de 15 a 49 anos. É importante ressaltar que, conforme aparece no Anuário Estatístico do Brasil de 1997, essa faixa etária correspondia a 54% da população brasileira.
No Brasil a assistência em anticoncepção pressupõe a oferta de todas as alternativas possíveis de métodos anticoncepcionais, bem como o conhecimento de suas indicações, contra-indicações e implicações de uso, garantindo à mulher ou ao casal os elementos necessários para a opção do método que a eles melhor se adapte.
Mas seriam todos os métodos contraceptivos oferecidos no Brasil eticamente corretos e correspondentes a lei vigente?
Dentro dos métodos regulamentados e atualmente oferecidos, o DIU (dispositivo intra-uterino) é o que mais levanta suspeita e oposição. A muito ele tem sido acusado de ser abortivo, e portanto, contrário a bioética e a atual constituição. Seriam essas acusações verdadeiras?

A evolução dos métodos anticoncepcionais até o surgimento do DIU

A preocupação com o controle da reprodução é percebido desde os tempos mais remotos. O ser humano sempre se preocupou em exercer controle sobre a natalidade, evitando-a pelos mais diversos meios. A Bíblia relata, em Gênesis 38:7-10, o coito interrompido como um método de contracepção.
Apesar de que a anticoncepção de muitos povos antigos era baseada em superstições, várias de suas práticas acabavam causando mesmo um intervalo maior entre uma gravidez e outra. Em seus rituais eram utilizados, além de orações, amuletos e tabus sexuais, ervas abortivas que eram consideradas como uma espécie de poção mágica.
A introdução de substâncias na vagina era uma das práticas mais comuns devido a sua simplicidade. No papiro de Petri, de 1850 a.C., se encontra uma receita que combina dejetos de crocodilo ou mel com carbonato de sódio nativo ou goma arábica. No papiro de Ebers, de 1550 a.C., encontra-se indicações de brotos de acácia, que contem goma arábica considerada espermicida. Aristóteles, em 400 a.C., relatava que o óleo de cedro e o ungüento eram espermicidas, e em 138 d.C., Soramos, considerado o maior ginecologista da antiguidade, orientava o uso de supositórios de lã associados a substâncias oleosas. Em 600 d.C., Aetios de Amida recomendava, para uso vaginal, vinagre e salmoura. No século IX as mulheres moldavam o ópio em forma de concha, inserindo-o na vagina. Posteriormente apareceram os primeiros espermicidas comercializados que eram fabricados de sulfato de quinino e de manteiga de cacau.
A utilização de um método de anticoncepção masculino foi descrita pela primeira vez em 1564, com preservativos de linho. Logo surgiram os confeccionados de intestino de animais, contudo, eram utilizados apenas pela nobreza devido o alto custo de fabricação. Apenas no século XIX, com o início da indústria da borracha, é que a comercialização em grande escala foi possível. No século XX, com o advento do látex o produto adquiriu melhor qualidade e foi nessa época que surgiram os diafragmas, o capuz cervical e os DIUs (dispositivos intra-uterinos).
Existem relatos de que as primeiras utilizações de dispositivo intra-uterino, como contraceptivo, ocorreram com nômades no deserto que introduziam DIUs em suas camelas para evitar que elas engravidassem.
Os primeiros DIUs a serem utilizados nas mulheres eram feitos de seda e prata, tendo sido aperfeiçoados por Grafenberg, em 1909, na Alemanha.
Hoje os DIUs são amplamente usados, estima-se que seja usado por 100 milhões de mulheres em todo o mundo (destaque para o Chile, a França, e países escandinavos, onde mais de 25% das mulheres que adotam métodos contraceptivos recorrem ao DIU). Apesar de no Brasil ainda ser pouco disseminado, seu uso corresponde a 1% do total de métodos disponíveis.

Os tipos de DIUs e seus mecanismos de ação

Entre os métodos contraceptivos existe uma classificação que os define como: Métodos naturais, métodos hormonais, esterilização cirúrgica e métodos de barreira. A maioria dos escritores prefere não colocar o DIU em nenhum dos grupos devido a duvidosa real maneira de sua atuação, optam então por fazer dele um grupo único. Os demais (que entendem o DIU como espermicida) o agrupam com os métodos de barreira.
Os DIUs modernos são artefatos de polietileno, podendo ser ativos (também denominados de medicados) ou inertes (DIUs não medicados), medem cerca de três centímetros e são introduzidos na cavidade uterina. Os DIUs ativos contem metais (geralmente o cobre) ou hormônios (geralmente o progesterona) em sua matriz, que exerce ação bioquímica local.
O DIU é bastante utilizado devido sua alta comodidade, torna-se um método de baixíssimo custo, pois segundo estudos realizados pela faculdade de ciências médicas da Unicamp (estudo feito com 228 mulheres) ele mantém o mesmo grau de atuação em 16 anos de utilização sem precisar ser substituído. É também preferido por não depender de pílulas diárias que são passíveis de esquecimento, também devido seu alto grau de funcionalidade, e fácil reversão. Para esse método, o índice de falha varia com o tipo de DIU utilizado, mas em geral é de 0,5 a 3 gravidezes por 100 mulheres ao ano e, para os DIUs T de cobre 380 e o Multiload 375, que são os mais utilizados, o índice de falha está entre 1 gravidez por 100 mulheres ao ano, sendo assim um dos métodos de melhor atuação, perdendo apenas para os hormonais injetáveis.
É bastante difícil determinar a maneira que os DIUs atuam na contracepção. A literatura atual diverge demasiadamente. Sabe-se com certeza que o útero age em reação ao corpo estranho provocando alterações no endométrio e interferindo no transporte dos espermatozóides no aparelho genital. A dúvida recai sobre a possibilidade de fecundação, pois sabe-se que a reação ao corpo estranho provoca uma leve inflamação na parede do útero o que impede a implantação do óvulo fertilizado. Para aqueles que acreditam que uma nova vida inicia-se com a fecundação isso seria aborto.
Geralmente os livros que tratam de bioética, controle de natalidade e planejamento familiar apóiam a posição de que ele atua unicamente como espermicida e portanto é viável e não abortivo. Nelson Vitiello, em seu livro sobre reprodução e sexualidade para educadores, comenta:


“Os DIUs mais antigos que não continham cobre, estão praticamente abandonados, por falharem mais que os de cobre, além de pesarem sobre eles a suspeita (não confirmada) de atuarem como abortivos. Os DIUs com cobre, entretanto, além de elevada eficácia, são seguramente anticoncepcionais, matando os espermatozóides pela presença de íons de cobre diluídos no muco cervical.”


Há livros de bioética que o classificam como método de barreira:


“[Método de barreira] Consiste em artefatos que impedem fisicamente a passagem do esperma para o útero e em produtos químicos que objetivam destruir os espermatozóides (...) esses métodos existem na forma de (...) esponja contraceptiva vaginal, diafragma, capuz cervical, camisa-de-vênus ou condon, e DIU (dispositivo intra-uterino).”


Um artigo publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais se posiciona da seguinte maneira:


“É o DIU abortivo? Não uma vez que ele age como espermicida, matando ou inativando os espermatozóides antes que eles entrem em contato com o óvulo.”


Em contra partida, o departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul publicou uma tese doutoral que provou justamente o contrário. Essa tese, defendida por Ricardo Francalacci Savaris, mostrou que um dos mecanismos de ação do DIU é referente à implantação do óvulo fertilizado no útero.

“Conclusão: Os resultados apóiam a teoria que o DIU T 200 de cobre também tem um mecanismo de ação que interfere diretamente com a receptividade uterina e a implantação.”


Mesmo o laboratório Schering Argentina S.A.I.C. que comercializa o DIU de terceira geração “NOVAT” no caderno Nº 1, intitulado “Contracepção”, escrito por Gerd K. Doring ao referir-se sobre a ação do DIU diz:


“Os anéis intra-uterinos e as espirais impedem a implantação do ovo fecundado no endométrio”


Uma boa parte dos escritos técnicos sobre anticoncepção trazem as duas possibilidades:


“O DIU impede o encontro do espermatozóide com o óvulo. Também é possível que o DIU previna a implantação do ovo fertilizado na parede do útero.”


Através destes dados podemos observar que ainda há poucas certezas quanto ao modo de atuação dos DIUs. Muitos dos estudos feitos até agora foram realizados em animais, o que limita em muito uma afirmação definitiva.


“Embora o DIU seja atualmente usado por tantas mulheres, a forma pela qual age em seres humanos ainda não foi exata e satisfatoriamente concentrada numa só explicação. Em animais, o DIU revelou afetar diferentes fases do processo reprodutivo. Na ovelha, por exemplo, parece prevenir a fertilização por estimular a fagocitose ou a citólise, que destroem o espermatozóide no útero antes da fertilização. Também na ovelha, o DIU impede que o espermatozóide se desloque pelas trompas de Falópio por reverter a direção das contrações uterinas. Na coelha, o DIU pode prevenir a implantação de óvulos fertilizados por estimular o aumento da concentração de substâncias chamadas prostaglandinas no útero. Na vaca e na porca, constatou-se que o DIU impede a sobrevivência do embrião mesmo depois de terem ocorrido a fertilização e a implantação.”

O óvulo fertilizado é humano ou não-humano?

A questão que entra em debate quando observamos a grande possibilidade de realmente o DIU impedir a implantação do óvulo fertilizado é se isso pode ser considerado aborto.
Existem várias posições quanto o início da vida ou da identidade do nascituro como ser humano ou pessoa, as mais conhecidas são: O momento da concepção (quando o óvulo é fecundado), a instalação da gravidez (quando o ovo se implanta na parede do útero), a partir da ocorrência de sinapse (conexão entre os neurônios), e a funcionalidade pulmonar (quando os pulmões já estão formados e acredita-se que o bebê já pode nascer).
Dentre essas posições, duas se destacam por maior aceitação, a da concepção e a da ocorrência de sinapse. As duas pretendem defender seus argumentos dentro de fatores biológicos buscando apoio na constituição brasileira.

Argumentos a favor da concepção (contra o DIU)

Biologicamente o óvulo fecundado já tem características de um ser humano distinto.


“Zigoto. Esta célula resulta da união de um ovócito com um espermatozóide. Um zigoto é o começo de um novo ser humano.”


Após a concepção a célula resultante possui uma vida diferente da vida da mãe e do pai. Todas as características genéticas, como o DNA, estão plenamente desenvolvidas como de um ser humano individual.
Enquanto o aborto foi ilegal nos Estados Unidos, a comercialização e implantação do DIU também eram. Já na constituição brasileira onde o aborto continua sendo criminoso (salvo exceções previstas em lei) o DIU tem caráter inconstitucional, pois a lei, com base nos parâmetros fixados nas normas internacionais, tomou-se por base para a realização da presente análise a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, subscrita em 22/11/1969 e a Convenção sobre os Direitos da Criança. No âmbito das normas nacionais, o critério referencial básico para discussão encontra-se previsto no enunciado contido no o art. 2º do Código Civil Brasileiro, o qual define "a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção”. Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente assegura no art. 7º "A criança e o adolescente têm direitos à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento (...)".

Argumentos a favor da sinapse (a favor do DIU)

Para os que defendem essa posição, a idéia de que a vida deva ser protegida pelo estado desde a concepção não resiste a análise do que ocorre cotidianamente no organismo das mulheres. De todos os óvulos fecundados naturalmente, somente 27% resultam em bebês. A maioria dos embriões é expulso durante a menstruação sem que a mulher se dê conta disso.



“Se existe uma vida a valorizar desde a concepção, então teríamos o dever moral de resgatar essas pequenas mórulas e blástulas [quando o ovo tem de 16 células a 5 dias] e tentar salvá-las.”


Outro fator que deve ser levado em conta é que a lei brasileira considera que o cidadão deixa de existir quando sofre morte cerebral, é quando seus órgãos podem ser extraídos e doados. Para os que defendem a posição a favor do início da pessoalidade com a sinapse, o mesmo critério deveria ser aplicado aos embriões que só passam a ter vida cerebral por volta das 18 semanas de gestação. Portanto o DIU, mesmo que atue impedindo a implantação do ovo, deve ser considerado eticamente correto.

Questão religiosa

Por não sabermos guando Deus passa a considerar a vida humana como alma singular, não temos o direito de eliminar artificialmente um óvulo fertilizado e arriscar, sem saber com certeza, se estamos ou não interferindo no desenvolvimento de uma vida.
Se argumentarmos que, devido a maioria dos óvulos fecundados serem eliminados naturalmente temos o direito de eliminá-los artificialmente, podemos também argumentar que, porque todos os seres humanos naturalmente morrerão, temos o direito de matar. Ou ainda, é o mesmo que dizer, se várias mulheres têm abortos espontâneos podemos praticar abortos artificiais. Vemos que esse argumento é frágil quando levado as últimas conseqüências.
Se dissermos que absolutamente a pessoalidade inicia-se com a concepção, estamos sendo dogmáticos e utilizando argumentos puramente filosóficos.
O livro “Declarações da Igreja” não é definitivo e nem dogmático em suas colocações sobre a utilização do DIU. Prefere deixar cada um decidir por sua consciência. Ele assim se pronuncia:


“Devido à incerteza sobre como eles [os DIUs] funcionarão em uma determinada situação, podem ser moralmente questionáveis para aqueles que crêem que proteção da vida humana inicia na fecundação. Contudo, considerando que a maioria dos óvulos fecundados não chega a se implantar ou se perde após a implantação, mesmo quando os métodos contraceptivos não são usados, os métodos hormonais e os DIUs, que representam um processo similar, podem ser vistos como moralmente aceitos.”


Ou seja, podem ser “moralmente aceitos” ou “moralmente questionáveis”.

Conclusão

Como vimos, as ciências bioquímicas e biológicas não puderam em comum acordo explicar nem totalmente o funcionamento dos DIUs no seres humanos, nem tão pouco o momento em que o ser humano passa a existir como pessoa.
Devido a atual divergência quanto a utilização do DIU como método contraceptivo, e também por não termos a plena certeza se sua utilização implica ou não em uma espécie de aborto (mesmo que seja a eliminação do óvulo fecundado antes da implantação), podemos considerar sua utilização não viável.
Deveríamos, na dúvida, optar pelo lado da preservação da vida.
Peter Kreeft ilustra esse ponto de vista através de um diálogo imaginário entre Sócrates e Herodes. Nesse diálogo Sócrates tenta convencer Herodes de que o aborto é errado por não se saber se o feto é ou não de fato uma pessoa.


“(…) Sócrates: Então você mata fetos sem saber se eles são pessoas ou não?
Herodes: Se tende ser colocado dessa forma.
Sócrates: Ora, o que você diria de um caçador que atira quando vê um movimento brusco nos arbustos, sem saber se é uma corça ou outro caçador? Você o chamaria de sábio ou tolo?
Herodes: Esta dizendo que eu sou assassino?
Sócrates: Estou somente fazendo uma pergunta de cada vez. Devo repetir a pergunta?
Herodes: Não.
Sócrates: Então você vai respondê-la?
Herodes: (Suspiro) Tudo bem. Esse caçador é um tolo, Sócrates.
Sócrates: E porque ele é tolo?
Herodes: Você não dá sossego, não é?
Sócrates: Não. Você não diria que ele é tolo porque alega saber o que não sabe, isto é, que é só uma corça e não seu companheiro de caça?(…).”


Não podemos alegar saber o que não sabemos e arriscar errar. Sendo que existem tantos outros métodos contraceptivos que são seguros e inquestionavelmente aceitos como não abortivos, por que optar pelo duvidoso?




REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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VITIELLO, Nelson. Reprodução e sexualidade um manual para educadores. São Paulo: Centro de Ensino e Investigação em Comportamento Humano, 1994.